sábado, 6 de setembro de 2008

Primeiras impressões: Marcelo Camelo "Sou"

Deixar a barba crescer, colocar foto com olhar penetrante no encarte do CD, sentar num banquinho com um violão e chorar a morte da bezerra em slow motion. Todas as alternativas anteriores são características do movimento emo-folk, que assola o mundo enquanto escrevo. É Sam Beam pra cá, Will Oldham pra lá, Justin Vernon tentando não ficar pra trás... Aparentemente, o país carecia de um barbudo chorão tupiniquim, e é justamente esse nicho que a metade criativa do Loser Manos vem tentar suprir com o lançamento do seu álbum solo, "Sou/nós".
Como diz o título do post, o que escrevo aqui são primeiras impressões, vindas de um fã dos pais de Anna Júlia, cujos ingressos para o show do Camelo estão pegando pó na estante desde o mês passado. Embora fã, consigo distinguir nos hermanos um quê de choramingueira emo - 'quem é mais sentimental que êeeu?', questionam-se os seguidores de franja e lápis no olho - e me divertir com isso. Acho, inclusive, que Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo, juntos, injetaram muita coisa relevante no rock/pop/melação-de-cueca brasileiros. Mas a praga de Seinfeld se mostra presente aqui também. Sozinhos eles não são nada. Rodrigo Amarante tendo ereção na Orquestra Imperial já era um tanto quanto sofrível, e agora me aparece o Marcelo Camelo com um disco solo tão pretensioso e vazio de sentido que deve ter feito o Dorival Caymmi se revirar muito lentamente no túmulo.
As marcas-registradas da composição cameliana continuam intactas: aliterações com a letra 's', temática de solidão e lamúria de corno, interjeições de dor como refrão, entre outras. Lenga-lenga após lenga-lenga, o cara nos leva em uma viagem sem fim, passando pelo Rio de Janeiro, onde "os velhinhos são bons de papo e as gordinhas, um alvoroço"(?). O problema é que soa forçado lá pela décima vez em que tu ouve "ui ui ai ai" sendo entoado como se equivalesse a... sei lá, uma palavra de verdade, talvez. No final das contas, a capa do CD foi mais bem pensada do que o resto da m&*#@ toda.
Embora me pareça impossível no momento, espero poder mudar de opinião até a data do show. Recado pro Camelo: vê se pára de choramingar, marmanjo. E se o fizer, que seja com dignidade. Ou então volta correndo pro Amarante. Abraço.

Um comentário:

Ingrid Guerra disse...

Adoro o jeito como você manda embora as pessoas indesejadas. Muito bom! Quando eu crescer, em altura, porque velha eu já sou, quero ser assim. Agora, tratando-se de filmes... Putz, nunca mais escrevo sobre eles em meu blog. Lembre-me de jamais ir ao cinema com você. E em hipótese alguma aceite minhas indicações cinematográficas. Cara, eu me diverti com ‘onde os fracos não tem vez’. Os diálogos são engraçados, vai? Vamos lá, mais tolerância, Dan Regularis. Embora o não-final seja mesmo bastante criticável. E a Pequena Miss Sunshine é tão fofinho! Ah, pára. Sério, ‘ta faltando sazon na sua vida. Ainda assim, se você não me expulsar, continuarem vindo aqui te incomodar. bIG abs.

P.S.: Sim, li tudo e não faço comentários sobre músicas.