quinta-feira, 13 de março de 2008

Beach House - Devotion (2008)

Qualquer um que tenha investido tempo suficiente no CD homônimo de estréia da dupla Beach House sabe que ali se encontra uma jóia rara da safra de álbuns de 2006, repleta de composições aparentemente simplórias e melancólicas, mas cujas camadas melódicas iam se desvelando conforme o ouvinte tornava a explorá-las. O que era trilha de velório remix para uns acabou se transformando em uma espécie de cult hit do indie dream pop norte-americano e, assim, o Beach House acabou ganhando merecida visibilidade.
O novo álbum, Devotion, é o passo lógico em direção à evolução do som atmosférico e meticuloso da banda, cuja instrumentação se resume à um sintetizador, um tecladinho e a eventual pedal guitar. A voz de Victoria Legrand se faz mais clara dessa vez, como já dava indícios em Tokyo Witch e Master of None, tornando o som mais 'limpo' e menos 'eco de fundo de poço'. A terceira faixa, Gila, que vazou na rede no final do ano passado, incorpora tudo aquilo que faz o som do Beach House ser tão idiossincrático e magnético, desde a batida sintetizada até o órgão que dá textura e cor ao riffzinho de guitarra e aos vocais de Legrand. E é nos pequenos detalhes e melodias enganosamente simples que a dupla capta a atenção dos ouvintes mais pacientes e dedicados, seja em um cover de Daniel Johnston (Some Things Last a Long Time) ou em viagens nostálgicas como Wedding Bell e Astronaut. São pequenos hinos de devoção, mas apenas para os mais devotos.

sábado, 8 de março de 2008

Curto e grosso, porém prazeroso

O gângster (Ridley Scott, 2007):
O microfone trabalhou super bem. Em todas as cenas. Hein? Denzel Washington?!



Jogos de poder (Mike Nichols, 2007):
Tom Hanks como (mais um?) herói americano garanhão + Julia Roberts como (mais uma?) prostituta ativista de peruca = ufanismo gratuito com mensagem no final: os americanos sempre dão um jeitinho de fazer merda com o país dos outros.


Sicko (Michael Moore, 2007):
Outro documentário insuportavelmente melodramático, encantadoramente tendencioso e involuntariamente divertido do diretor detestado por onze entre cada dez neoliberais fervorosos de carteirinha.


Cada um com seu cinema (Vários, 2007):
Nada melhor para comemorar os 60 anos do Festival de Cannes do que uma versão cult de 'Paris, je t'aime', com direito a muita massagem no ego, Lars Von Trier no papel de serial killer e um repente de Caju e Castanha.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Juno (Jason Reitman, 2007)

A última moda em hollywood é rodar blockbusters disfarçados de indie movie com pseudo-baixo orçamento, que atraem a atenção dos exemplares críticos de cinema que servem de jurados para o cavalo morto das premiações cinematográficas conhecido como Academy Awards, ou Oscar para os mais íntimos. O ano retrasado nos presenteou com Little Miss Sunshine, uma mistura de road-movie em família com comédia de humor negro que não conseguiu ser uma coisa nem outra pela falta de honestidade e pelo excesso de que-merda-de-filme, mas que mesmo assim levou alguma estatueta dourada pra casa. Já o ano passado agraciou a nada crítica crítica americana com Juno, uma espécie de comédia dramática adolescente roteirizada por uma ex-stripper/operadora de tele-sexo/prostituta/todas as alternativas anteriores, adorada pelos críticos, detestada pela quase totalidade da população norte-americana, pelo uso exagerado de gírias adolescentes e por tratar de um tema tão delicado de forma leviana e banalizante.
*Perdi o fio da meada, porque comecei a escrever isso no dia 18 de fevereiro e guardei nos rascunhos. Resumindo: gostei do filme, tirando os primeiros 20 e poucos minutos, que foram meio angustiantes, e a música desafinada no final. E o merchandising do Tic Tac de laranja me deixou com náusea aguda.