quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Paranoid Park (Gus Van Sant, 2007)

O que seria de Elefante se o diretor optasse por contar uma espécie de história ao invés de perseguir um punhado de adolescentes problemáticos e pálidos pelos corredores de uma Universidade em planos-seqüência intermináveis de fazer dormir até o mais cínico dos cinéfilos? Seria algo parecido com Paranoid Park.
Baseado no romance homônimo de Blake Nelson, a última experiência sonoro-visual de Gus Van Sant acompanha as agruras de um jovem skatista que se vê envolvido em um crime hediondo, porém culposo, se é que isso é humanamente possível. Não existe nada de novo no modo como o velho Gus resolve a estrutura narrativa, nem no modo como ele utiliza o slo-motion de forma a ampliar exageradamente a carga dramática, e muito menos na forma como estereotipa e simplifica o perturbador universo da juventude norte-americana. Entretanto, alguma coisa acontece ali que faz o conjunto da obra funcionar: não sei se a trilha sonora - duas inteirinhas do Elliott Smith nas cenas cruciais, mais uma penca de músicas bacanas - ou as atuações realisticamente amadoras, que não deixam a fita cair na pieguice e no artificial hollywoodiano.
Pode não funcionar para todos, mas é melhor que Elefante - o que pode ser entendido como elogio ou sarcasmo, dependendo do ponto de vista.

Segura na barra anti-pânico

Todo escritor fracassado está fadado a se tornar um crítico literário pretensioso. Todo cineasta fracassado está fadado a se tornar um crítico cinematográfico pretensioso. Todo músico fracassado está fadado a se tornar um crítico musical pretensioso. Incapacitado de enganar o destino, criei este blog que, com muito esmero e pouca pretensão, pretendo manter atualizado com resenhas breves (nem todas) e apaixonadas (quase todas) sobre música, cinema e literatura.
Se você é uma daquelas pessoas que riu assistindo 'As Branquelas', 'Deu a Louca na Cinderela' ou qualquer filme com Adam Sandler, dê meia volta agora e nunca mais olhe para trás. Se você já chorou no show dos 'Inimigos da HP' e sente calafrios ouvindo Bruno & Marrone, sugiro o suicídio por antidepressivos. Se você acompanha a lista dos best-sellers da Veja, e o ponto alto da sua memória literária se resume a 'O Código da Vinci', 'Decifrando o Código da Vinci' e 'A biografia do cara que conseguiu decifrar o Código da Vinci', eu não gosto de você, eu não gosto da sua cara e nem da senhora sua mãe.
Portanto, aqueles que sobraram, sintam-se a vontade para me visitar de vez em quando. Vocês podem até me enviar o seu próprio material e concorrer a uma viagem com acompanhante para a Ilha do Mel. Já pensaram? Agora é pra valer, gurizada.