quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Não quero mais brincar!

Sabe aquele tipo de indiezinho que faz beicinho quando a bandinha que ele gosta fica muito mainstreamzinha e daí ele chora e procura outra bandinha para se diferenciar da multidão e não se sentir excluidinho do círculo indie? Pois é, depois que o diretor Luiz Fernando Carvalho resolveu escolher Elephant Gun (uma das minhas músicas preferidas), do Beirut (uma das minhas bandas preferidas) como tema de Bentinho e Capitu na nova mini-série da Globo, o que deve ter dado de indiezinho correndo desesperado pelas ruas desse meu Brasil com os cabelos em pé não está no gibi. Como eu não sofro desse mal lamentável - apesar das minhas fortes tendências indie - fico feliz em compartilhar, com aqueles que ainda não conhecem, o som dessa excelente banda. Regozijai.


Se você se interessou (e caso o Google não seja seu amigo), a música está presente no EP Lon Gisland, de 2007. Mas já aproveita e baixa os dois CDs da banda junto, né anormal!? Vale a pena.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O filme do Selton Mello...

...é uma merda.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

ALERTA!!!

Novo Animal Collective em janeiro, com direito a capa epiléptica:

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Os melhores de 2008 (em uma só frase) até agora, na minha humilde opinião

#Maria Taylor with Andy LeMaster - Savannah Drive
Uma preciosidade de EP para momentos de introspecção profunda. (ouvir: Leap Year)
#TV On The Radio - Dear Science,
Mais acessível, mais dançante e mais consistente que o anterior. (ouvir: Golden Age)
#Shearwater - Rook
Discaço do tecladista do Okkervil River e cia. (ouvir: de cabo a rabo)
#Bonnie 'Prince' Billy - Lie Down In The Light
Um pouquinho de alt-country bem feito não faz mal a ninguém. (ouvir: You Want That Picture)
#The Tallest Man On Earth - Shallow Grave
É como se o neto perdido do Bob Dylan tivesse se escondido nas montanhas e gravado um dos melhores álbuns do ano. (ouvir: tudo, no repeat infinito)
#Portishead - Third
Ainda em forma após um pequeno intervalo de onze anos. (ouvir: The Rip)
#Fleet Foxes - Fleet Foxes
Tá, é meio My Morning Jacket demais, mas também é bom pra caramba. (ouvir: Ragged Wood)
#Siba e a Fuloresta - Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar
Uma mistura de ritmos nordestinos com belas melodias e letras que não te fazem regurgitar. (ouvir: sem preconceito)
#Lesser Gonzalez Alvarez - Why is Bear Billowing
Folk de altíssima qualidade e baixíssima divulgação. (ouvir: Owl and The Pussycat)
#Beach House - Devotion
Post específico nos arquivos deste blog.
#HEALTH - DISCO
Coloquei na lista porque uma das músicas mais legais do ano está nesse CD. (ouvir: Crimewave (Crystal Castles Vs Health))
#M83 - Saturdays = Youth
Para os frequentadores de festas revival dos anos 80, mas com bom gosto. (ouvir: Kim and Jessie)
#Júpiter Maçã - Uma Tarde na Fruteira
Não é bem de 2008, mas foi reeditado agora e vale muitíssimo a pena. (ouvir: Beatle George)
#Shugo Tokumaru - Exit
Explosão de alegria instantânea ou o seu dinheiro de volta. (ouvir: Button, todo o resto)
#Jacaszek - Treny
Ouvi uma vez e me apaixonei. (ouvir: deitado, com fones de ouvido)
#Cat Power - Jukebox
Chan nos presenteia com mais um álbum de covers - e uma inédita - de responsa. (ouvir: Silver Stallion)
#Devotchka - A Mad And Faithful Telling
Ciganada pegando pesado pra animar a sua festa de família. (ouvir: Comrade Z, pra entrar no clima)
#Bon Iver - For Emma, Forever Ago
Um pouco demasiado emo, mas tem algumas das faixas mais bonitas do ano. (ouvir: Skinny Love)
#Nick Cave and The Bad Seeds - Dig!!! Lazarus, Dig!!!
Tio Nick continua em forma, para o bem da nação. (ouvir: We Call Upon The Author)
#Erykah Badu - New Amerykah Part One (4th World War)
Belo CD experimental de R&B/hip hop. (ouvir: Soldier)

...não necessariamente nessa mesma ordem.

sábado, 6 de setembro de 2008

Primeiras impressões: Marcelo Camelo "Sou"

Deixar a barba crescer, colocar foto com olhar penetrante no encarte do CD, sentar num banquinho com um violão e chorar a morte da bezerra em slow motion. Todas as alternativas anteriores são características do movimento emo-folk, que assola o mundo enquanto escrevo. É Sam Beam pra cá, Will Oldham pra lá, Justin Vernon tentando não ficar pra trás... Aparentemente, o país carecia de um barbudo chorão tupiniquim, e é justamente esse nicho que a metade criativa do Loser Manos vem tentar suprir com o lançamento do seu álbum solo, "Sou/nós".
Como diz o título do post, o que escrevo aqui são primeiras impressões, vindas de um fã dos pais de Anna Júlia, cujos ingressos para o show do Camelo estão pegando pó na estante desde o mês passado. Embora fã, consigo distinguir nos hermanos um quê de choramingueira emo - 'quem é mais sentimental que êeeu?', questionam-se os seguidores de franja e lápis no olho - e me divertir com isso. Acho, inclusive, que Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo, juntos, injetaram muita coisa relevante no rock/pop/melação-de-cueca brasileiros. Mas a praga de Seinfeld se mostra presente aqui também. Sozinhos eles não são nada. Rodrigo Amarante tendo ereção na Orquestra Imperial já era um tanto quanto sofrível, e agora me aparece o Marcelo Camelo com um disco solo tão pretensioso e vazio de sentido que deve ter feito o Dorival Caymmi se revirar muito lentamente no túmulo.
As marcas-registradas da composição cameliana continuam intactas: aliterações com a letra 's', temática de solidão e lamúria de corno, interjeições de dor como refrão, entre outras. Lenga-lenga após lenga-lenga, o cara nos leva em uma viagem sem fim, passando pelo Rio de Janeiro, onde "os velhinhos são bons de papo e as gordinhas, um alvoroço"(?). O problema é que soa forçado lá pela décima vez em que tu ouve "ui ui ai ai" sendo entoado como se equivalesse a... sei lá, uma palavra de verdade, talvez. No final das contas, a capa do CD foi mais bem pensada do que o resto da m&*#@ toda.
Embora me pareça impossível no momento, espero poder mudar de opinião até a data do show. Recado pro Camelo: vê se pára de choramingar, marmanjo. E se o fizer, que seja com dignidade. Ou então volta correndo pro Amarante. Abraço.

domingo, 10 de agosto de 2008

sábado, 9 de agosto de 2008

Encarnação do demônio (José Mojica Marins, 2008)

Eram oito horas da noite e eu estava preso no engarrafamento da Nilo. Sorte a minha que um curta-metragem de 11 minutos precedia o filme. Pisei fundo no acelerador, roubei a vaga de uma idosa no estacionamento e corri pra bilheteria.
- [esbaforido] Boa noite...
- Boa noite!
- Uma pra 'Encarnação do demônio' agora às 20h, faz favor.
- Como?
- UMA ENTRADA PRA 'ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO' ÀS VINTE HORAS, PELO AMOR DE DEUS!
- Treze reais.
- [entrego o dinheiro, pego o troco e o ingresso] Obrigado.
- [olhar de chacota]
Batiam as 20h10min e eu entregava o tíquete pro lanterninha sem estabelecer muito contato visual. Chegando à minúscula sala 8, tornava-me eu o quarto espectador da estréia do novo filme do Zé do Caixão em Porto Alegre. Um casal de emos macho e fêmea e mais um jovem senhor assistiam ao curta-metragem, que foi até engraçadinho e tudo. Começa o filme. Dez ou quinze minutos se passam e o senhor se retira discretamente do recinto. Passam-se outros dez ou quinze minutos e lá se vai o casal bicurioso porta afora.
E eu estou só, assistindo a encarnação do demônio abandonado numa sala escura e claustrofóbica. Não posso dizer que fiquei com medo, por causa do orgulho masculino, mas afirmo que não é a melhor sensação do mundo assistir sozinho a um filme maldito como esse, onde as pessoas inserem ratos vivos na vagina e mantém relações sexuais enquanto são observadas por cadáveres dependurados no teto e tomam um literal banho de sangue.
Não conheço muitos filmes brasileiros de terror (pra não dizer que nunca ouvi falar de um), mas 'Encarnação do demônio' não fica atrás de muita superprodução americana do gênero, incluindo as 425 versões de Jogos Mortais e O Albergue - os quais ele supera fácil. Estão ali o sadismo gratuito, a aura de filme B, os litros de groselha e os ocasionais pedaços amputados de corpos. As atuações são mais do que competentes - excetuando-se o velho e caquético Zé do Caixão, que mais parece estar recitando o alcorão numa reunião do AA do que representando - e o cuidado tanto com a fotografia como com a sonoplastia merece uma salva de palmas do Silvio Santos.
Para os fãs do terror tosco, é obrigatório. Pelo menos para os que conseguirem ficar até o final da exibição: pode dar medinho.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Fim dos Tempos (M. Night Shyamalão, 2008)

Eu já assisti a O Demolidor e pensei que tinha visto o pior filme da minha vida. Eu já assisti a O Albergue e tive certeza de que tinha visto o pior filme já criado na face dessa Terra. Eu já assisti a Dança Comigo? (em DVD, fui forçado) e tive que sair da sala depois de trinta minutos tentando processar o fato de as pessoas permitirem que a Jennifer Lopez continue atuando. Eu já assisti a Mar Aberto e lamentei o dia em que eu nasci. Enfim, eu já assisti a muita merda, muita mesmo. Mas nenhuma delas poderia ter me preparado psicologicamente para o esterco cinematográfico que é Fim dos Tempos.
Como todos sabem, depois de dirigir O Sexto Sentido, esse diretor indiano imbecil recebeu sinal verde para continuar fazendo thrillers pelo menos à altura. Porém, o que se seguiu foi uma das carreiras mais fiasquentas da história dos diretores de cinema, bomba após bomba, até que ele se redimiu um pouco com A Vila e depois continuou defecando clássicos modernos, como, por exemplo, esse Fim dos Tempos, que continua queimado na minha retina.
Para poupar a pequena parcela da população que porventura esteja pensando em assistir a esse 'filme', aí vai a real: a humanidade (ou seja, os Estados Unidos) está sendo ameaçada por um vírus ridículo que desencadeia o instinto suicida nas pessoas e é liberado pelas árvores e plantas, que querem se vingar dos seres humanos após séculos de destruição ambiental. Essa sinopse já é o suficiente pra afugentar qualquer anormal, mas o absurdo não pára por aí: o Mark Wahlberg está no elenco! Pra quem não sabe, assistir ao Mark Wahlberg atuando é mais sofrível do que assistir ao vocalista do Maroon 5 se fazendo passar por heterossexual em todos os videoclipes dessa banda medíocre. É mais sofrível do que ler um roteiro escrito pela Mariah Carey em parceria com a Jennifer Lopez e revisado pela Carla Perez. Ele é inexplicavelmente péssimo, assim como os diálogos, diarréicos e degradantes a ponto de fazer uma criança de seis anos consultar um psiquiatra.
Eu não consigo salientar isso o suficiente, mas NÃO VEJAM ESSE FILME. Não contribuam com esse palhaço que acha que pode evacuar dentro de uma sacola de supermercado e empurrar esse dejeto goela abaixo. Fui dar um voto de confiança e me f*** violentamente. Não façam o mesmo.

terça-feira, 3 de junho de 2008

sábado, 10 de maio de 2008

Soy Un Caballo - Volet / Au Ralenti


Penchée sur le dos, alanguie, l'air était frais tout autour. Alentour, les bruits n'arrivaient qu'en retard d'au moins une heure. Sous mes paupières, le sang passait si lentement qu'enfin je voyais à travers, goûtant à peine, indifférente, le suret de ce que l'on a fait de notre amour. Fraîchement coupées sous les pieds, l'herbe ou des fleurs exhalaient. Sensiblement, ça me plaisait, je ne savais alors que l'ordinaire était parti pour nous. Dis-moi ce que je devais faire vers les volets, les fleurs et l'eau, à travers les flots j'arrivais, dis-moi ce que l'on, dis-moi ce que nous, dis-moi ce que je devais faire vers les volets, les fleurs et l'eau, à travers les flots j'arriverais. Le côte gauche endolori, des fourmis dans l'avant-bras, j'entendais le son d'une voix emballée dans du coton. Quand enfin mon sang s'assombrit, qu'il devint noir et blanc le froid qui l'entourait, je compris qu'il fallait me taire et qu'aucun mot ne viendrait m'aider dans mes adieux. Dis-moi ce que j'aurais dû faire vers les volets, les fleurs et l'eau, à travers les flots j'arrivais, dis-moi ce que l'on, dis-moi ce que nous, dis-moi ce que j'aurais dû faire vers les volets, les fleurs et l'eau, à travers les flots j'abandonnais.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Björk - Wanderlust

Permitam que eu invada um pouco a barra lateral para vos presentear com (mais) um clipe impressionante da Björk. Mas, atenção: se você faz parte dos 99,78% da população que não suportam a voz dessa mulher, é só desligar a caixa de som ou abaixar o som ali no botãozinho. Não vai ter a mesma graça, mas você provavelmente é uma pessoa lesada que não acha muita graça nas coisas de qualquer forma. Fica a dica.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O Sol (Aleksandr Sokurov, 2005)

ZZZZZZzzz ZzzzzZ ZZZzzz zZZZZZzzzZzz Aleksandr Sokurov zzzZ ZZzzZZz ZZ z zZZZ zzZ ZZ zZZzzz zzzzz ZZZZ Zz zzZZZ Segunda Guerra Mundial ZZZz z zzZZZzZ ZZzzz ZZZZZzz zzzzzz zzZZz zzZZzZ ZZzzzz ZZzz zzz zZ ZZZZ ZzzzZ Z Zzzz peixe voador zZZZ zzZZZzz zZZZzzZ ZZZ tique nervoso Zz ZZZZ ZzZ ZZZZ zZZZZ zzzzzzzzz zZ ZZzzz ZZ zZZZZzzz zZ ZZ zzzzz retrato homossexual ZZzzzz ZZ z zzZZZZZzzz Z zZz duas horas de duração ZZZ zz zzzzzZZ ZZzz zz russo filho da puta ZZZz zzZZZ ZZzzzZ Zzzzz ZZ zz zzzzz ZZZzzz zz zZZZ ZzzZ ZZ zzzzzzz zZ A Queda! versão film d'art nipônico zzzzZ ZZ ZZz Zzzzzz zzzz zZ ZZz zzzz zz ZZ ZZ z zzz.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Beach House - Devotion (2008)

Qualquer um que tenha investido tempo suficiente no CD homônimo de estréia da dupla Beach House sabe que ali se encontra uma jóia rara da safra de álbuns de 2006, repleta de composições aparentemente simplórias e melancólicas, mas cujas camadas melódicas iam se desvelando conforme o ouvinte tornava a explorá-las. O que era trilha de velório remix para uns acabou se transformando em uma espécie de cult hit do indie dream pop norte-americano e, assim, o Beach House acabou ganhando merecida visibilidade.
O novo álbum, Devotion, é o passo lógico em direção à evolução do som atmosférico e meticuloso da banda, cuja instrumentação se resume à um sintetizador, um tecladinho e a eventual pedal guitar. A voz de Victoria Legrand se faz mais clara dessa vez, como já dava indícios em Tokyo Witch e Master of None, tornando o som mais 'limpo' e menos 'eco de fundo de poço'. A terceira faixa, Gila, que vazou na rede no final do ano passado, incorpora tudo aquilo que faz o som do Beach House ser tão idiossincrático e magnético, desde a batida sintetizada até o órgão que dá textura e cor ao riffzinho de guitarra e aos vocais de Legrand. E é nos pequenos detalhes e melodias enganosamente simples que a dupla capta a atenção dos ouvintes mais pacientes e dedicados, seja em um cover de Daniel Johnston (Some Things Last a Long Time) ou em viagens nostálgicas como Wedding Bell e Astronaut. São pequenos hinos de devoção, mas apenas para os mais devotos.

sábado, 8 de março de 2008

Curto e grosso, porém prazeroso

O gângster (Ridley Scott, 2007):
O microfone trabalhou super bem. Em todas as cenas. Hein? Denzel Washington?!



Jogos de poder (Mike Nichols, 2007):
Tom Hanks como (mais um?) herói americano garanhão + Julia Roberts como (mais uma?) prostituta ativista de peruca = ufanismo gratuito com mensagem no final: os americanos sempre dão um jeitinho de fazer merda com o país dos outros.


Sicko (Michael Moore, 2007):
Outro documentário insuportavelmente melodramático, encantadoramente tendencioso e involuntariamente divertido do diretor detestado por onze entre cada dez neoliberais fervorosos de carteirinha.


Cada um com seu cinema (Vários, 2007):
Nada melhor para comemorar os 60 anos do Festival de Cannes do que uma versão cult de 'Paris, je t'aime', com direito a muita massagem no ego, Lars Von Trier no papel de serial killer e um repente de Caju e Castanha.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Juno (Jason Reitman, 2007)

A última moda em hollywood é rodar blockbusters disfarçados de indie movie com pseudo-baixo orçamento, que atraem a atenção dos exemplares críticos de cinema que servem de jurados para o cavalo morto das premiações cinematográficas conhecido como Academy Awards, ou Oscar para os mais íntimos. O ano retrasado nos presenteou com Little Miss Sunshine, uma mistura de road-movie em família com comédia de humor negro que não conseguiu ser uma coisa nem outra pela falta de honestidade e pelo excesso de que-merda-de-filme, mas que mesmo assim levou alguma estatueta dourada pra casa. Já o ano passado agraciou a nada crítica crítica americana com Juno, uma espécie de comédia dramática adolescente roteirizada por uma ex-stripper/operadora de tele-sexo/prostituta/todas as alternativas anteriores, adorada pelos críticos, detestada pela quase totalidade da população norte-americana, pelo uso exagerado de gírias adolescentes e por tratar de um tema tão delicado de forma leviana e banalizante.
*Perdi o fio da meada, porque comecei a escrever isso no dia 18 de fevereiro e guardei nos rascunhos. Resumindo: gostei do filme, tirando os primeiros 20 e poucos minutos, que foram meio angustiantes, e a música desafinada no final. E o merchandising do Tic Tac de laranja me deixou com náusea aguda.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sweeney Todd (Tim Burton, 2007)

Musicais me irritam. Não é exagero dizer que eu prefiro manter relações sexuais com a Marlene Mattos do que assistir a um filme onde os diálogos são substituídos por musiquinhas engraçadinhas que pontuam cada gesto e expressão facial dos atores de forma com que tudo culmine em coreografias homossexuais e angustiantes para pessoas como eu, que não levantam com o pé direito e já ensaiam um 'bom dia' em lá menor com direito a falsetes e vibratos de fazer o vizinho colar durex nos vidros das janelas.
Sweeney Todd é um musical. Eu gostei de Sweeney Todd. Logo, isso significa que, inconscientemente, eu reprimo o desejo de vestir um collant cor-de-rosa e fazer piruetas e spacattos na Redenção ao som de 'My Favorite Things'? Errado. Sweeney Todd não é um musical como os outros: é uma comédia de humor negro musicada que, embora tenha lá os seus momentos 'A Noviça Rebelde', consegue fazer sobressair a sua trama deliciosamente macabra. O filme conta a história do barbeiro serial killer Benjamin Barker, que é resgatado do seu exílio pela Priscila, a Rainha do Deserto, e se alia a outra serial killer - a padeira Mrs. Lovett, que cozinha as piores tortas de carne humana de Londres - para efetuar sua vingança sobre o juíz que roubou a sua mulher e o colocou na prisão injustamente.
Sem querer entregar o enredo, mas já entregando, fica aqui a dica de um ótimo programa de férias para a família. Mas só para aqueles que têm estômago forte, tanto para suportar a ocasional canção melosa de amor, quanto para as cenas de preparação das tortas - que, inexplicavelmente, me deixaram com fome.
*Participação especialmente desnecessária do insuportável queridinho da América, Sacha 'Borat' Baron 'Ali G' Cohen.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Sangue Negro (Paul Thomas Anderson, 2007)

Onde os fracos não têm vez - Parte 2, digo, Magnólia - O Retorno, digo, Sangue Negro é um filme audaciosamente chato pra caralho. Algo me leva a crer que os irmãos Coen tiveram uma reunião muito monótona e pretensiosa com o Paul Thomas Anderson e que, juntos, eles resolveram fazer uma trilogia sobre o ultimate badass do oeste americano, cuja terceira parte eu não estou contando os dias para assistir.
Diferentemente de Onde os fracos..., entretanto, o filme de PTA tem a vantagem de possuir uma história, com personagens interessantes e multifacetados, que não precisam morrer no meio do filme em nome da ambição cinematográfica. A história da ascensão e queda de Daniel Plainview pode ser percebida como um 'alegoria ao poder cego que o capitalismo exerce sobre o homem' (o cara mandou o 'filho' surdo e manco embora no trem das onze), uma 'biografia de George W. Bush disfarçada de western artístico barra Cidadão Kane do século XIX' (a cena em que a refinaria pega fogo remete invariavelmente ao atentado de 11/9 e à mensagem nele implícita em relação ao modelo capitalista) e até mesmo como um 'estudo sobre a maldade inerente ao homem' (e que filme não é, hoje em dia?). Mas o diretor se leva tão a sério, e tem tantos problemas em cortar fora o desnecessário, que o que acabamos presenciando é uma brilhante interpretação de Daniel Day-Lewis se esvaindo por água abaixo até os últimos e sofríveis centímetros de celulóide, que por sinal servem apenas para lembrar aos espectadores que, conforme prometido, there will be blood.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Onde os fracos não têm vez (2007)

Lewellyn é um soldador veterano da Guerra do Vietnã que faz alisamento japonês e se vê envolvido em um jogo de gato e rato após encontrar uma maleta cheia de dinheiro no meio do deserto. Ele passa a ser perseguido por Chigurh, um assassino em série com paralisia facial que freqüenta o mesmo salão de beleza que ele, e que aniquila suas vítimas utilizando uma combinação de tanque de gás comprimido e mini-metralhadora, sem dó nem piedade. Lewellyn tem uma mulher, que não acrescenta nada à história, assim como a mãe da mulher, que morre de câncer após ter tapado um medonho buraco no roteiro. Mas se você pensa que esses personagens são superficiais, espere até conhecer o xerife Tommy 'pessoal, nós não temos base suficiente para cobrir todas essas olheiras' Lee Jones, que começa narrando a história e termina narrando a história, em uma cena final tão inesquecível que, quando eu fui olhar o relógio pra ver se o filme tava acabando, a tela ficou preta e os créditos apareceram.
No meio disso, muitas cenas extasiantes de perseguições envolvendo pitbulls e camionetes de traficantes de drogas mexicanos estão ao seu dispôr, intercaladas com diálogos inesquecíveis, com destaque especial para "se eu não voltar, diga para a mamãe que eu a amo" "mas a sua mãe já morreu" "então eu mesmo direi". Pretensioso? Bastante. Auto-indulgente? Sim, senhor, senhor. Não sei quem merece mais uma estatueta dourada: o cara que possui cinco falas durante o filme todo e sofre do mal supracitado ou os irmãos que conduziram esse exercício de masturbação mútuo-cinematográfica a quatro mãos. Que rufem os tambores.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Paranoid Park (Gus Van Sant, 2007)

O que seria de Elefante se o diretor optasse por contar uma espécie de história ao invés de perseguir um punhado de adolescentes problemáticos e pálidos pelos corredores de uma Universidade em planos-seqüência intermináveis de fazer dormir até o mais cínico dos cinéfilos? Seria algo parecido com Paranoid Park.
Baseado no romance homônimo de Blake Nelson, a última experiência sonoro-visual de Gus Van Sant acompanha as agruras de um jovem skatista que se vê envolvido em um crime hediondo, porém culposo, se é que isso é humanamente possível. Não existe nada de novo no modo como o velho Gus resolve a estrutura narrativa, nem no modo como ele utiliza o slo-motion de forma a ampliar exageradamente a carga dramática, e muito menos na forma como estereotipa e simplifica o perturbador universo da juventude norte-americana. Entretanto, alguma coisa acontece ali que faz o conjunto da obra funcionar: não sei se a trilha sonora - duas inteirinhas do Elliott Smith nas cenas cruciais, mais uma penca de músicas bacanas - ou as atuações realisticamente amadoras, que não deixam a fita cair na pieguice e no artificial hollywoodiano.
Pode não funcionar para todos, mas é melhor que Elefante - o que pode ser entendido como elogio ou sarcasmo, dependendo do ponto de vista.

Segura na barra anti-pânico

Todo escritor fracassado está fadado a se tornar um crítico literário pretensioso. Todo cineasta fracassado está fadado a se tornar um crítico cinematográfico pretensioso. Todo músico fracassado está fadado a se tornar um crítico musical pretensioso. Incapacitado de enganar o destino, criei este blog que, com muito esmero e pouca pretensão, pretendo manter atualizado com resenhas breves (nem todas) e apaixonadas (quase todas) sobre música, cinema e literatura.
Se você é uma daquelas pessoas que riu assistindo 'As Branquelas', 'Deu a Louca na Cinderela' ou qualquer filme com Adam Sandler, dê meia volta agora e nunca mais olhe para trás. Se você já chorou no show dos 'Inimigos da HP' e sente calafrios ouvindo Bruno & Marrone, sugiro o suicídio por antidepressivos. Se você acompanha a lista dos best-sellers da Veja, e o ponto alto da sua memória literária se resume a 'O Código da Vinci', 'Decifrando o Código da Vinci' e 'A biografia do cara que conseguiu decifrar o Código da Vinci', eu não gosto de você, eu não gosto da sua cara e nem da senhora sua mãe.
Portanto, aqueles que sobraram, sintam-se a vontade para me visitar de vez em quando. Vocês podem até me enviar o seu próprio material e concorrer a uma viagem com acompanhante para a Ilha do Mel. Já pensaram? Agora é pra valer, gurizada.