segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sweeney Todd (Tim Burton, 2007)

Musicais me irritam. Não é exagero dizer que eu prefiro manter relações sexuais com a Marlene Mattos do que assistir a um filme onde os diálogos são substituídos por musiquinhas engraçadinhas que pontuam cada gesto e expressão facial dos atores de forma com que tudo culmine em coreografias homossexuais e angustiantes para pessoas como eu, que não levantam com o pé direito e já ensaiam um 'bom dia' em lá menor com direito a falsetes e vibratos de fazer o vizinho colar durex nos vidros das janelas.
Sweeney Todd é um musical. Eu gostei de Sweeney Todd. Logo, isso significa que, inconscientemente, eu reprimo o desejo de vestir um collant cor-de-rosa e fazer piruetas e spacattos na Redenção ao som de 'My Favorite Things'? Errado. Sweeney Todd não é um musical como os outros: é uma comédia de humor negro musicada que, embora tenha lá os seus momentos 'A Noviça Rebelde', consegue fazer sobressair a sua trama deliciosamente macabra. O filme conta a história do barbeiro serial killer Benjamin Barker, que é resgatado do seu exílio pela Priscila, a Rainha do Deserto, e se alia a outra serial killer - a padeira Mrs. Lovett, que cozinha as piores tortas de carne humana de Londres - para efetuar sua vingança sobre o juíz que roubou a sua mulher e o colocou na prisão injustamente.
Sem querer entregar o enredo, mas já entregando, fica aqui a dica de um ótimo programa de férias para a família. Mas só para aqueles que têm estômago forte, tanto para suportar a ocasional canção melosa de amor, quanto para as cenas de preparação das tortas - que, inexplicavelmente, me deixaram com fome.
*Participação especialmente desnecessária do insuportável queridinho da América, Sacha 'Borat' Baron 'Ali G' Cohen.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Sangue Negro (Paul Thomas Anderson, 2007)

Onde os fracos não têm vez - Parte 2, digo, Magnólia - O Retorno, digo, Sangue Negro é um filme audaciosamente chato pra caralho. Algo me leva a crer que os irmãos Coen tiveram uma reunião muito monótona e pretensiosa com o Paul Thomas Anderson e que, juntos, eles resolveram fazer uma trilogia sobre o ultimate badass do oeste americano, cuja terceira parte eu não estou contando os dias para assistir.
Diferentemente de Onde os fracos..., entretanto, o filme de PTA tem a vantagem de possuir uma história, com personagens interessantes e multifacetados, que não precisam morrer no meio do filme em nome da ambição cinematográfica. A história da ascensão e queda de Daniel Plainview pode ser percebida como um 'alegoria ao poder cego que o capitalismo exerce sobre o homem' (o cara mandou o 'filho' surdo e manco embora no trem das onze), uma 'biografia de George W. Bush disfarçada de western artístico barra Cidadão Kane do século XIX' (a cena em que a refinaria pega fogo remete invariavelmente ao atentado de 11/9 e à mensagem nele implícita em relação ao modelo capitalista) e até mesmo como um 'estudo sobre a maldade inerente ao homem' (e que filme não é, hoje em dia?). Mas o diretor se leva tão a sério, e tem tantos problemas em cortar fora o desnecessário, que o que acabamos presenciando é uma brilhante interpretação de Daniel Day-Lewis se esvaindo por água abaixo até os últimos e sofríveis centímetros de celulóide, que por sinal servem apenas para lembrar aos espectadores que, conforme prometido, there will be blood.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Onde os fracos não têm vez (2007)

Lewellyn é um soldador veterano da Guerra do Vietnã que faz alisamento japonês e se vê envolvido em um jogo de gato e rato após encontrar uma maleta cheia de dinheiro no meio do deserto. Ele passa a ser perseguido por Chigurh, um assassino em série com paralisia facial que freqüenta o mesmo salão de beleza que ele, e que aniquila suas vítimas utilizando uma combinação de tanque de gás comprimido e mini-metralhadora, sem dó nem piedade. Lewellyn tem uma mulher, que não acrescenta nada à história, assim como a mãe da mulher, que morre de câncer após ter tapado um medonho buraco no roteiro. Mas se você pensa que esses personagens são superficiais, espere até conhecer o xerife Tommy 'pessoal, nós não temos base suficiente para cobrir todas essas olheiras' Lee Jones, que começa narrando a história e termina narrando a história, em uma cena final tão inesquecível que, quando eu fui olhar o relógio pra ver se o filme tava acabando, a tela ficou preta e os créditos apareceram.
No meio disso, muitas cenas extasiantes de perseguições envolvendo pitbulls e camionetes de traficantes de drogas mexicanos estão ao seu dispôr, intercaladas com diálogos inesquecíveis, com destaque especial para "se eu não voltar, diga para a mamãe que eu a amo" "mas a sua mãe já morreu" "então eu mesmo direi". Pretensioso? Bastante. Auto-indulgente? Sim, senhor, senhor. Não sei quem merece mais uma estatueta dourada: o cara que possui cinco falas durante o filme todo e sofre do mal supracitado ou os irmãos que conduziram esse exercício de masturbação mútuo-cinematográfica a quatro mãos. Que rufem os tambores.